Trigo, Pensamento filosófico
- Ficha de leitura do livro: Trigo, Luiz Gonzaga Godoi. Pensamento Filosófico: um enfoque educacional. Curitiba: Intersaberes, 2013. (abr. loc.: T2013p). Tema: Metafilosofia
a necessidade da filosofia
1. A filosofia é filha da cidade (Vernant). Também filha de Taumas (o assombro, o espanto) [1].2. A filosofia da Educação nos países anglo-saxônicos segue uma vertente ligada ao pragmatismo norteamericano, centrada em resultados (sofística?). Nos paises do ramo França-Alemanha-Espanha-Portugal segue uma visão mais alicerçada no humanismo clássico (mais socrática?).
3. Características do pensamento ocidental: primado do racionalismo filosófico e científico. A insistência na razão é uma das marcas registradas da filosofia. É ela que distingue a filosofia da religião e das Artes. Na religião, além da razão, recorre-se à fé, à revelação; na arte, a busca da verdade tenta ver abaixo da superfície das coisas, como na filosofia, mas recorre à percepção direta e à intuição.
- Busca da verdade: na filosofia, pela razão; na religião, pela fé e revelação; na arte, pela intuição e percepção direta (sensibilidade). Ciência, religião, arte e filosofia são discursos sobre a realidade que trabalham com campos separados do conhecimento.
5. O Mito, as religiões, as ciências, a filosofia, não explicam totalmente o mundo, mas o conhecimento humano é cumulativo.
6. Religião: todas as definições do fenômeno religioso têm uma característica comum: cada qual, à sua maneira, opõe o sagrado e a vida religiosa ao profano e à vida secular (Eliade).
7. O que é sabedoria? É o máximo da de felicidade no máximo de lucidez.
8. Metafilosofia: o que é filosofia? Estudo (a) das características mais gerais e abstratas do mundo e (b) das categorias com que pensamos (mente, matéria, demonstração, razão, verdade, etc.). O objeto do estudo da filosofia são os próprios conceitos através dos quais compreendemos o mundo.
9. Montaigne: “mesmo no mais alto trono do mundo, estamos sentados sobre nossas nádegas”.
10. [Comte-Sponville]: “O que é o homem? É o único animal a saber que não é Deus”.
11. O homem é mais que mortal: é impotente na grande extensão da sua existência. É limitado, finito. Ser finito é projetar-se em apenas uma possibilidade de ser, excluindo todas as outras possíveis (fazer uma escolha é renunciar a todas as outras, sem possibilidade de reversão).
12. A liberdade é estonteante, e a consciência dessa liberdade é a angústia.
13. Parabolinha das escolhas: “Mestre, o que é sabedoria?” “É fazer boas escolhas”. “E como saberei fazer boas escolhas?” “Com a experiência”. “E o que me fornece experiência, mestre?” “Más escolhas”.
14. Tillich, distinção medo / ansiedade. Medo tem objeto definido. A coragem pode enfrentar cada objeto do medo porque é um objeto. A ansiedade não tem objeto, seu objeto é a negação de todo objeto.
15. Determinismo. Crisipo, estoico: o que é acontece é necessário e inevitável, depende só da escolha divina. Já para os existencialistas o determinismo se aplica apenas às coisas, submetidas à lei da gracidade, ao envelhecimento, às diferenças de temperatura e pressão.
16. As quatro Virtudes principais, segundo Platão: coragem, prudência, justiça e temperança. Coragem, para ele, é a “opinião reta e conforme à lei sobre o que se deve e o que não se deve temer”.
17. “O processo civilizatório iniciou-se com a promessa de Felicidade” (Gallo).
a importância da educação
19. Escola: um ambiente desconhecido, mais ou menos colorido, reproduzindo aquilo que os adultos pensam ser o mundo infantil.20. Vida escolar não é o mesmo que vida educacional, esta começa ao nascer, na família, e continua depois da escola.
21. Conceito de Freud: a cultura se faz baseada na repressão.
22. Formação do ser humano é processo complexo, múltiplo e interativo, dinâmico e consensual.
23. Duas etimologias do termo educação, ambos do latim: (a) educere, conduzir de fora, dirigir de fora, deu origem a um dos grandes caminhos da filosofia da educação, o do “instruir”, aquele baseado em regras exteriores em relação ao aprendiz; e (b) educare, sustentar, alimentar, criar, correspondendo ao outro caminho, o do “ensinar”, incentivar o aprendiz a forjar suas próprias regras.
24. Werner [Jaeger], Paideia, de 1934: paideia era o processo de formação do homem grego, orientado pela filosofia e pela arte. Os representantes da paideia não eram os artistas “mudos” (escultores, pintores, arquitetos), mas os poetas, músicos, filósofos e oradores, isto é, os que serviam ao Estado.
25. Educação é legado de toda comunidade. A comunidade exerce (deve exercer) forte influência na educação, em oposição ao interesses de grupos isolados. Educação como força libertadora.
26. Educação grega: (a) consciência da própria história; (b) educação como representação do sentido de todo o esforço humano; (c) homem no centro do pensamento. Artes, esportes e filosofia. A questão estética era fundamental para a vida cotidiana, pois a beleza era fruto da proporção, do equilíbrio e da harmonia [3].
27. Maquiavel: rompeu pela primeira vez com a unidade entre política e ética (“os fins justificam os meios”): o princípio da realidade confrontando os ideias platônicos/aristotélicos.
28. A educação é uma contraposição à barbárie (entendida como violência, intolerância e preconceito). Civilizar é desenvolver a capacidade do humano de viver em grupo, de forma sedentária, em centros urbanos complexos e organizados
a filosofia da educação
29. As teorias educacionais mudaram, ao longo da história, conforme mudou a concepção de homem. Isto é, a proposta pedagógica varia conforme a posição epistemológica de cada época.30. As 4 questões de Kant: (a) o que posso saber (epistemologia), (b) o que devo fazer (ética), (c) o que posso esperar (filosofia da religião) e (d) o que é um homem (antropologia filosófica).
31. Concepção clássica do homem: animal que fala/elabora e animal político. Segue três linhas:
- (a) teológica: mundo dos deuses oposto ao dos homens; acentua os preceitos da moderação: “conhece-te”, “nada em excesso”;
(b) cosmológica, nasce da contemplação da ordem do mundo [2]; descobre a homologia: a ordem que reina no universo deve reinar também na cidade dos homens; fonte da ideia da ética (ciência do agir humano);
(c) antropológica: contrasta o Apolíneo (espírito da ordem, da racionalidade, da harmonia, força organizadora do Logos) contra o Dionisíaco (espírito da vontade espontânea, extasiada, de viver, lado obscuro ou terreno, forças do Eros, do desejo e da paixão); evolução do pessimismo diante do destino inexorável para a ideia de respobnsabilidade pessoal (homem pode escolher e por isso tem mérito ou demérito);
33. Sócrates e a transição. Subverteu a ordem de visão sobre o real, pregando que o mundo das ideias era mais real que o mundo material, ilusório. Gerou, a partir da ideia do “conhece-te”, o cuidado com a “vida interior” que conduziu à ética. Criou a ideia de areté, a Virtude-ciência, valorizando a faculdade intelectual do homem como capaz de levá-lo, pela reflexão, à prática do bem e da justiça. Introduziu a ideia de “homem interior”, “alma”.
34. Aristóteles. Um dos fundadores da antropologia, tentou criar uma síntese científico-filosófica da concepção de homem: a) estrutura biopsíquica, homem composto de mente e corpo; b) homem como animal racional, c) homem como animal político.
35. Estoicismo. Filosofia = lógica, física e ética. O ideal é a libertação das quatro emoções: o prazer, a aversão, o desejo e o medo, tudo por meio da razão. O fundamental para a Felicidade é a Virtude, que consiste na compreensão moral do valor das coisas.
36. Epicuro, Epicurismo: A ética é a parte central da teoria, seu princípio é o prazer: seres vivos tendem a evitar a dor e procurar o que apraz. Prazer é ausência de dor e inquietação. O ideal é a vida regrada pelas necessidades naturais e “necessárias”, negando ou fugindo das necessidades “não necessárias”, fúteis ou errôneas.
mundo medieval
36. concepção medieval de homem: essencialmente teológica, mas sua elaboração usava conceitos vindos da filosofia grega.37. monoteísmo judaico-cristão combatia (a) politeísmo da antiguidade, (b) materialismo, (c) fatalismo (d) o gnosticismo (v. 39 infra), (e) a soberba intelectual grega, que buscava provas infalíveis da existência ou não de Deus (oposição entre razão e fé, a partir das cartas de S. Paulo).
38. O Eros grego se tornou a caridade cristã. A Ética passou a se basear na caridade e o Logos passou a ser Deus.
38. A sabedoria cristã pretendia ser uma ciência da salvação fundada na humildade e na palavra revelada de Deus.
39. Quanto a (d), o gnosticismo pregava: (1) dualismo corpo/espírito; (2) condenação da matéria, origem do mal, (3) mundo campo de batalha entre forças do bem e do mal, luzes e trevas (Maniqueísmo). Para os cristãos o Logos se fez carne, isto é, deve-se valorizar o mundo terreno como obra de Deus. Santo Irineu de Lião: homem = reflexo da glória de Deus.
40. Agostinho de Hipona: (a) homem ser uno, corpo e alma na unidade da natureza humana; (b) homem = ser itinerante, em busca do caminho para a eternidade; (c) homem = ser para Deus.
41. Tomás de Aquino: homem sujeito a três influências: (a) animal de razão, (b) na hierarquia dos seres, homem fronteiriço entre o espiritual e o corporal, (c) homem criatura à imagem e semelhança de Deus.
42. Mosteiros, ilha de cultura em meio à catástrofe, faróis na noite histórica (Duby), preservaram a cultura clássica contra fomes e guerras.
43. Monarcas se consideravam sucessores dos césares; Deus fala em latim; logo, a cultura que promoviam não era nem a local nem a contemporânea, mas a romana: o que se preservava/transmitia era a herança de Roma, a lembrança da idade de ouro.
44. Escoto Eurígena: o raciocínio correto não pode levar a conclusões falsas; cria poder demonstrar racionalmente todas as verdades da fé, o que levou ao anátema, porque, se tivesse razão, a fé seria desnecessária.
45. Argumentos para provar a existência de Deus: (a) teleológico: o universo possui desígnio e propósito, (b) cósmico: a existência do universo pressupõe que ele foi criado; (c) ontológico: o maior e mais perfeito precisa existir (v. Santo Anselmo).
o mundo moderno
46. “Filosofar é pensar sem provas, mas não de qualquer maneira. É pensar mais longe do que se sabe, mas não contra os saberes disponíveis. É confrontar-se com o impossível, mas não atolar no ridículo ou na tolice. É enfrentar o desconhecido, mas não encerrar-se na ignorância” (Comte-Sponville).47. Modernidade = processo lento. Causa, entre outras: ideia da experimentação como critério do conhecimento. Experimentar significa poder duvidar, o que, antes, era heresia. Mudanças no imaginário. Com o abalo da autoridade eclesiásticas de da Bíblia veio, por contaminação, o abalo da autoridade de Aristóteles.
48. Características da ciência moderna: a) só é científica a teoria que pode ser testada, b) todo fenômeno exige explicação natural.
49. Termo 'modernidade' usado primeiramente por Baudelaire em 1863. Modernidade vs. modernismo. (a) é conceito e (b) o fenômeno conceituado (?); (b) é certeza e arrogância, e (a) interrogação e reflexão crítica. (a) e (b) são aspectos do mundo moderno.
50. [Fausto] e [Rei Arthur] são as duas únicas mitologias ocidentais relevantes depois de Cristo. (a) é o homem moderno, o 'homem fáustico', protagonista da tragédia do desenvolvimento, vítima do excesso e do pragmatismo desenvolvimentista, numa perpétua busca além de qualquer satisfação humana, tomado pelo sentimento de culpa.
51. Ptolomeu de Alexandria, modelo ptolomaico, homem e Terra no centro imóvel do universo; Copérnico contra o Salmo 93, abre caminho para um mundo de “conjecturas e refutações”.
52. Bacon (†1626): criticou a lógica de Aristóteles como sendo ferramenta imprópria para as descobertas científicas.
53. Descartes (†1637): (a) mundo deixa de ser corpo dotado de princípio imanente de movimento (Aristóteles) e torna-se máquina analisável pela razão e reproduzível na forma de um modelo matemático; (b) mundo-máquina e homem-máquina; (c) inversão da ordem dos questionamentos: para Aristóteles a filosofia ia da física para a metafísica, e para Descartes o contrário: método cartesiano procura primeiro o fundamento último da certeza (metafísico) e daí procede dedutivamente até a física; (d) a razão (o espírito) separa-se do corpo não para ascender ao mundo das ideias, e sim para melhor conhecer e dominar o mundo da matéria.
54. Diz que há duas vertentes do racionalismo, o (a) racionalismo puro (de Descartes) e o (b) racionalismo empirista (de Locke, etc.), cada qual inspirando uma concepção do método: em (a) a dedução, privilegiando as operações de análise e explicação, e em (b) a indução, dando primazia à síntese e à classificação (Vaz).
55. Kant: há duas limitações ao nosso conhecimento, a) a soma de tudo que existe (a realidade total) e b) nossa capacidade de experimentar (ampliada pela tecnologia, mas, ainda assim, capacidade de experimentar com sentidos ampliados). O que não temos condição de conhecer foge completamente do campo da filosofia e da ciência. Só pode ser alvo de conjecturas na arte e na religião, discursos mais apropriados para tais “exercícios de imaginação”, discursos baseados na sensibilidade, na Intuição e na fé. Não se deve misturar discursos de conteúdos diferentes. Não é tarefa da filosofia fundamentar ou refutar princípios religiosos.
56. Marx, (†1883): a) a realidade do mundo não é um estado de coisas postas, mas um processo histórico permanente; b) preciso entender a natureza da mudança histórica, que não é aleatória, obedece a uma lei dialética; c) dialética: cada sucessão de fatos acaba destruída pelas suas próprias contradições internas por causa da alienação; d) eliminada a alienação o homem se tornará sujeito da própria história.
m.c.: parece dizer que o fim da alienação levará ao fim da dialética, eliminando as tais “contradições internas”.
58. Outro materialismo, Nietzsche: viver ao máximo nossas vidas e conseguir do mundo tudo o que pudermos; a questão é como fazer isso num mundo sem Deus e sem sentido (Magee). Ressentimento: sentimento de fraqueza e rancor por parte do fraco contra o forte. Vontade de poder: ímpeto de viver dos fortes, líderes naturais. Problema do existencialismo moderno: como compatibilizar a vontade de poder dos fortes sem justificar ditadoras ou opressões.
59. “Fenômeno de ofertas espirituais no varejo, no mundo contemporâneo”.
o século XX
60. Em tempos sombrios o âmbito público se obscurece e se torna tão dúbio que as pessoas deixam de pedir à política nada além da devida consideração pelos seus interesses vitais e liberdade pessoal (Arendt).61. Pensamento norteamericano. Peirce: conhecimento é atividade participativa, não impessoal, e consiste de explicações válidas; não é um conjunto de certezas mas um corpo de explicações atualizáveis.
62. Gottlob Frege tirou a filosofia de sua base epistemológica e a repôs em bases lógicas, por serem mais objetivas e independentes da psicologia humana. Passa a haver forte influência das ciências exatas na filosofia.
63. Kierkegaard encarava o próprio indivíduo como entidade moral suprema, valorizando os aspectos pessois e subjetivos do ser humano.
64. Heidegger, Existencialismo: o Ser é o próprio Tempo, isto é, a existência é o tempo corporificado e os humanos são o tempo encarnado.
65. Estruturalismo. Influenciou desde a antropologia até a linguística, tornando-se pop na década de 1960. Qualquer discurso é uma estrutura de linguagem que pode ser decomposta, analisada por partes, reconstruída, reinterpretada. Essa abordagem foi chamada Desconstrução.
66. Lacan: o [Inconsciente] é estruturado como uma linguagem, e pode ser interpretado se conhecidos seus códigos.
67. Lyotard, Pós-modernidade. A Revolução Industrial mostrou que sem riqueza não se criam ciência e tecnologia, e a pós-modernidade mostrou que sem ciência e tecnologia não se produz riqueza. A discussão sobre a eficiência sobrepujou a busca do verdadeiro, do justo, e do belo. Informação é mercadoria mais valiosa. O saber científico não é todo saber: há o saber narrativo (artes, intuição, sentidos, religião, subjetividade).
super-resumo
1. uma definição de filosofia, p.33- Pensamento
- - elaborado de modo racional
- fundado em premissas estruturadas em modelos teóricos com base na observação e reflexão da realidade
- não há filosofia oriental, mas pensamento oriental
-
problema cosmológico substituído pelo problema antropológico
duas questões surgem:
a. o problema da educação (paideia), exigida pela vida democrática na polis
b. o problema da habilidade ou sabedoria (sophia), que
- não se fundamenta mais na tradição e
- se aprofunda em seu caráter
i. técnico (téchne) ou
ii. intelectual (philosophia)
-
homem como centro dos esforços filosóficos
pensamento e linguagem tornam-se temas filosóficos
surge individualismo relativista
1ªs formulações céticas sobre a verdade
homem como ser de necessidade e carência (tem de suprir, pela cultura, o que é negado pela natureza)
crítica à moral tradicional abre via para ética fundada na razão
-
antes restrita a mosteiros, sairá para universidades seculares e outras instituições dirigidas por leigos
essas instituições visavam passar os novos conhecimentos do modo mais aberto e eficiente
princípios éticos religiosos substituídos pelo pragmatismo político
sensação de controle do mundo, dada pela compreensão das leis da ciência, abalou tradição, hierarquia e autoridade
abalo a Aristóteles: futuro da filosofia ligado à dúvida e questionamento
-
filosofia cristianizada
combate ao politeísmo, ao materialismo e ao destino fatalista
o eros grego torna-se a caridade cristã
ética com base na caridade
o logos passa a ser Deus em pessoa
repúdio à soberba intelectual grega: a sabedoria cristã é ciência da salvação com base na humildade
Cartas de Paulo: oposição entre razão e fé
combate ao gnosticismo, cujo dualismo condenava a matéria como origem do mal: igreja valoriza o mundo terreno como obra de Deus
-
é a filosofia ensinada na escolas e cursos de teologia no medievo, séculos XI ao XVI
combina doutrina religiosa, patrística (estudo dos padres da igreja), e investigação filosófica e lógica com base em Aristóteles e Platão
Tomás, Buridan, Anselmo, Duns e Ockham, mais conhecidos
influência direta na formação das 1ªs escolas no Brasil
-
formação do ser humano é processo complexo, múltiplo e interativo
o conhecimento é processo dinâmico e consensual
duas etimologias; a 1ª, educere, diz “conduzir de fora, dirigir exteriormente”; a 2ª, educare, diz “sustentar, alimentar, criar”.
sentido corrente, instruir e ensinar, conotações distintas levando a posturas pedagógicas distintas: (a) ensino com base em regras exteriores em relação ao aprendiz ou (b) ensino dirigido no sentido de inventivar o aprendiz a forjar suas próprias regras
no campo da cultura e educação imperam conceitos de respeito às diferenças entre pessoas e grupos
-
entendeu as novas condições de industrialização e sociedade de massas
procurou alinhar o socialismo a essas mudanças tecnológicas e sociais
muito curto; adicionar pedagogia socialista “pura”:
a. toda educação é ideológica a serviço das classes dominantes
b. vínculo entre educação e política
c. centralidade do trabalho na formação humana
-
época entre dois abismos: (a) o da ruína do homem com extinção da vida terrena ou (b) nos transformarmos criando homem autêntico
papel da filosofia nisso: não nos deixarmos iludir, não descartar fatos ou possibilidades, encarar a catástrofe
estimular a inquietude e proíbe a aceitação passiva da catástrofe
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democracia
desenvolvimento intelectual permitiu questionar problemas mais abrangentes, cósmicos
aperfeiçoamento ético com base na filosofia
- vem de fora e nos transforma de fora; a morte não se distingue de modo algum do nascimento; essa identidade entre um e outro chamamos faticidade; os dois são absurdos
- coragem, uma das 4 virtudes, para Platão: opinião reta e conforme a lei sobre o que se deve e não se deve temer
Aristóteles define coragem como justo meio entre medo e temeridade
- (a) dependeu da educação e da cultura, contraposição à barbárie, violência, intolerância e preconceito
(b) desenvolver capacidade de o ser humano viver em grupo, sedentário, em centros urbanos complexos e organizados
- teoria do conhecimento, análise sobre o núcleo central sobre a qual se apoiam conceitos, métodos e teorias que sustentam um programa educacional
- compara ideias de Sócrates, Platão e sofistas. (a) filosofia como estilo nobre e vida e não algo a ser vendido, (b) sofistas v. acima, ceticismo e individualismo, e (c) visão de arquétipos imutáveis e eternos como o bem absoluto
- († 1527) princípios ético-religiosos devem ser substituídos por pragmatismo político; isso lança as bases de movimentos sociais profundos
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ligação política-pedagogia
sociedade fonte dos males e da cura do homem
educação próxima da natureza (oposto do social)
valorização das necessidades espontâneas da criança
um bom preceptor
5 etapas: infantil, puerícia (3-12), idade do útil (pré-adolescência), adolescência, final feliz (união emílio e sofia)
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Descartes
a. mundo deixa de ser corpo dotado de princípio imanente de movimento (Aristóteles)para tornar-se uma máquina analisável pela razão e reproduzida na forma de um modelo matemático
b. homem é parte da máquina, e se diferencia porque tem espírito
c. método cartesiano: progresso da filosofia se dá partindo da metafísica para chegar à física (o contrário de Aristóteles)
[1] Taumas tem uma filha, Íris, mensageira dos deuses, que usa uma echarpe com as 7 cores do arco-íris, que simbolizam as sere vogais, os sons do alfabeto grego: passa-se da luz à palavra. A palavra (Logos) é a razão, que articula num discurso coerente a primeira admiração quase religiosa, para formulá-la em termos de interrogação profana. A filosofia (a razão, que substitui a explicação mitológia do mundo) substitui por uma interrogação filosófica a emoção que tomava o homem diante do espetáculo do mundo.
[2] m.c.: O mundo que pareceu caótico aos primeiros espectadores é o mesmo onde seus descendentes viram o cosmos. O mundo mudou, ou a forma de vê-lo?
[3] m.c.: A arte representava e ensinava o ideal apolíneo da paideia: as noções de harmonia, proporção, equilíbrio, deviam extravasar do estético para a formação ética.